.

.

Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A MAMOA



 A MAMOA

...Tendo lido umas coisitas interessantes na Agenda Cultural e Desportiva nº 0410Abril2010 da câmara municipal de Abrantes, não conseguindo antecipar-se àquelas gentes que houveram realizado uma visita com bué da alma integrada nas comemorações do IGESPAR..., embora tarde e a más horas, curioso e ansioso sobre o raio do esquema, a este praça veio-lhe a idéia de visitar a mamoa da Aldeia do Mato... 
Frustração! Perdera o autocarro dos cinquenta lugares... mas como “aquilo” esperara pacientemente durante milhares de anos pela visita cá do Cidadão abt, não seria por uns diazecos a mais que abalaria dali...
Adiante...
Naquela aziada tarde descalçou as tamanquinhas e, envergando a t-shirt negra de estimação com a Senhora de Fátima estampada nos peitorais, lenço vermelho decorado a cornucópias enrolado ao pescoço, a digital no bolso interior do blusão...calça de ganga roçada, botins mexicanos afivelados ao tornozelo, capacete amarelo de nuca em cabedal ajustado ao queixo, cavalgando a indomável Z-2, meteu-se ao encalço da mamoa.
E porquê, viajar na Coty? Porque houvera lido algures que nas ruas de Rio de Moinhos o trânsito era caótico, apertado, qual segunda circular em hora de ponta, e assim melhor se esgueiraria da confusão enlatada! Transposto o busílis da questão e Pucariça dentro, a máquina cumpridora das limitações de velocidade impostas por lei foi papando quilómetros, lentamente, rumo á albufeira... subindo a derradeira recta num matraquear turbo lento, vendo este rapazola jeitos de se apear para auxiliar a FAMEL no sucesso da sua missão, se bem quando transpôs a Cruz da Aldeia e daí em diante conferindo alívio ao segmento pela generosa ladeira abaixo... deparando-se com uma senhora engalochada, que se dedicava ás lides da lavoura, tentando domar couves, alfaces e repolhos... Parou, sossegou o cilindro e questionou:

-Minha senhora... boas tardes...

-Boa tardi...

-Desculpe-me interromper-lhe o trabalho... a senhora sabe-me indicar onde fica a mamoa?


“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(.......................................)

“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(....................................)

“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(....................................)

 ...O chilreio do rouxinol fazia-se notar na vegetação rasteira...
Erguendo um tronco arqueado pelo peso dos anos, a senhora arredou o lenço em tons de cinza e azul que lhe prendia os suores do rosto e os cabelos ondulados, malhados de branco... com a mão direita encrespando-se no cabo do sacho que a amparava...

-Repita lá, qui nã percebi bêim...

-Perguntava se por aqui perto não haverá uma mamoa...

-Aíí que me aparece cum cada turista... o sinhor está a brincar ou quêi???

-Não minha senhora... ando á procura dum lugar onde fica uma mamoa!!!

Nesta altura cá o Cidadão apercebeu-se de que algo não lhe corria de feição pois as pálpebras da senhora dilatavam-se, escorrendo-lhe suspeitos suores pelo rosto...
Com gestos lentos, este praça desafivelou o penico amarelo, repousando-o sobre o mostrador do conta-quilómetros...

-Donde é que você vêim?

-De Abrantes...

-Lá d’onde vocêi anda não há mamoas???

-Repare... minha senhora, a mamoa é assim... como direi...um monte de pedras e terra que protegem um túmulo proto-histórico... um mammulas... em formas arredondadas...

-Ai sim? Atão nã quer lá veri c’as mamoas é que dão os mamões?

-Não... o que dá mamões são os mamoeiros... ou as papaieiras que dão as papaias... são a mesma coisa...

-Oiça cá! Na praça de Abrantis, vocêi não acha por lá mamoas e mamões?

-Não minha senhora... é que a praça fechou...

-Fechou??? Atão...agora... como a praça fechou vocêi veio p’ra cá á cata das mamoas... nã éi assim?

-A mamoa é um monumento...


-Têim que vir pr’áqui desassossegar agenti? Um monumento não éi? Olhe que o respeitinho é muito bonito!

-Não minha senhora... uma mamoa é... é...

-Ó sinhori! Desapareça da minha vista canão dou-lhe com o sacholo pela testa!

-A mamoa é uma coisa muuuito antiga...

-Antiga??? Como assim? Vá chamar velha a outra!

-A senhora não me está a entender... a mamoa é...

-Ó home! Vêim cá depressa que está aqui um bandido a gozar c’agenti! Anda á procura de uma mamoa!... Vêi lá tú beîm este desgraçado!

Que remédio teve o Cidadão senão raspar-se dali para fora concluindo que para procurar uma mamoa terá de o fazer engrupido, caso contrário correrá certos e determinados riscos...
Sendo a mamoa proto-histórica, já o mamão não é bem assim...
O mamão, fruto exótico, encontra-se com maior facilidade nos mercados diários... Este não brota da mamoa mas de um vegetal dos trópicos, o mamoeiro!
Poupando o pedal de arranque, montou a Z-2 que nunca tinha sido tão útil como agora, embalando-a ladeira abaixo, entrando na Aldeia do Mato...
Parou frente a um muro caiado, apeando-se... Descansou o capacete amarelo sobre o retrovisor esquerdo da Coty dirigindo-se a uma zona mais recolhida onde soava um vozeiral tertúliano... Uma tasca... talvez...

-“E... mamoua!”

Foi o que ouviu, vindo de dentro!
Ora, mamoa”! Cá temos!
O Cidadão chegava na hora exacta e ao sítio certo... Ali falava-se da mamoa...Era o que procurava! Entrou, sem antes ter arredado as fitas mosquiteiras... e ao tropeçar no filho da p*#a do degrau... descaindo abruptamente, viu jeitos de torcer um artelho...

- Merda” ‘ ! :«

Fôra á cara podre... Porque raio todas as tascas teriam um degrau a descer para o interior?...Uma fresquidão e o aroma intenso a tintol invadiam os cantos do interior escuro... Fora necessário afinar as vistas...Meia dúzia de homens com rude aspecto, tez queimada pelo Sol e mãos calejadas do cabo da enxada olhavam o Cidadão, desfeitos em silêncios... qual colónia de pardais chilreantes que perdem o pio perante a presença do intruso... Esta entrada houvera sido um tanto ou quanto... coxa...

-(.................................)

-Boas tardes...

Lançou, firme...

-Boas tardes, senhor...

Sobre o balcão corrido, taças de ¼ mediam forças entre si, numa correnteza de tintol que lhes entornava as medidas...

-Um café, por favor...

Só o rubicundo taberneiro de rosto vermelhão houvera respondido á saudação que, de olhar desconfiado foi rodando o manípulo do cimbalino... as bolhas de café caíam lentas, uma após outra, lambendo a alva boquinha da chávena estreita... com o aroma da cafeína a desafiar o trave da uva fermentada...

-...E... disse-lhi... ou mudas de vidãã, arranjas trabalho... e portas-te como um homêzinhu... ou largããs a minha neta da mãu qui não é carni para dêntis de gandulús! Se o pai dela não o fizeri, sou eu quem ti vai dári cabo dos ossus!

-Toma! E mamou-a!

-É verdadi! Mamou-a, e ainda mamãã com uns sopapos nas ventas si nãu simportari com juízo! Aquele moinanti!

-Olha o lorpa, heim?

-Desculpem interromper... ando á procura de um monumento antigo... uma coisa assim... bom...uma anta...

E com a linguagem gestual, este praça tentou representar o monumento...

-Uma manta? E pra qui vossemecêi queri uma manta, com o calori que faz?

-Não... um dólmen...

-Ah! Você précure o pitrolêro que ele costuma trazeri dessas coisas na carrinhã! Cobertoris, colchãns, toalhêtis! Dólménis!Tem uns todos vêrdis e outros camuflos! Aquelis da tropa, sabi?

-É caçadori?

“Caramba! C’a ganda salganhada...”

Pensou cá o Cidadão...

-Não é isso, senhores! É uma mamoa!

-??????

-!!!!

-?!?!?!

Os rostos incrédulos transfiguraram-se em algo menos amistoso...

- O hómi esteve maséi a ouviri a nossa conversa lá fora!

-Prontos. Está fêito! É advogado!... Querem lá ver?

-Pois éi !!! Nãéquémêsmu?

-Não sou advogado, não senhor! Ando a fazer uma pesquisa para colocar um artigo da Internet! E... e... queria tirar umas fotos do local que procuro!

-Ah! Préguntã um locáli...

-Atão expliquesse milhor do que quer dagente!

Enquanto que o primeiro, baixo e farto de carnes, aparentava sessenta anos, este mais alto, sardento e cabelo de cenoura, devia ser tipo para os trintas...

-Procuro uma mamoa!!! È um monumento proto-histórico...

-Oooh! Pááá! Monumentos desses é que não há por aqui... Você vá masé ao Kikas em Santarém, que encontra muitas mamonas...

-Está calado, pá! O hóme nã precura mamonas! O hóme quer uma mamoooa! Nã percebêsteis???

Alvitrou outro freguês pensativo, coçando o queixo envolto em barba de três dias... Entretanto cá o Cidadão, pacientemente, voltou á carga...

-Ora bem... a ver se nos entendemos... a mamoa é um conjunto de pedras grandes, tipo lajes em pé, com outras a servirem de tecto... e um espaço por baixo, onde antigamente sepultavam os mortos...

-Já sei! As pedras encavaladas!

Mastigando àvidamente, atirou um quinto indivíduo que, de olhar profundo, tez malhada, cabelos compridos e apanhados, barba farta, ostentando um brinco dourado, pólo azul claro, ganga velha e sandálias de camurça, com a lâmina da navalha subjugada sob o grosso polegar, esquartejava um pequeno queijo de cabra, assistindo atentamente ao diálogo de surdos!

-Cavalonas??? Outra pôrrããã???

Exclamou o “cenoura”...

-Cavalona era a tua tia, pá! As pedras encavaladas são aquelas rochas ali em cima, na Jogada!

-Ah! Isso ai?

-Ah!

‘ ‘’-Aaaaahh!’’ ‘

Exclamação geral!

-Dessas mamoas como você diz, temos por cá muitas!

-Nã pode lá seri!!! Mamonas cavalonããs?

-Tú a dárlhi e aburráfugiri!

-Umas... mais bem conservadas que outras... Umas maiores e outras mais piquênas...

-Hummm, ondi é quistão essas gaijas vá-se lá sabêri!!!

-Oh! Ti Zé! Na Jogada estão logo duas! No Vale de Chãos há outra! E...e... no Alqueidão, em Martinchel, mais uma! Ali... no Vale dos Tórizes, outra... e no Vale da Amarela... está outra dessas. Na barreira da Vergeira está mais uma... ainda quer mais?

-Poçãns! Já mo podias tere dito há uma data de tempú! Anda práqui um hómi á bôa vidããã!!!

-Nos Tórizis? Não éi naquilo do Sapatinhãã!

-Não! No Sapatinha, é a Vergeira!

-Isso é na torre, pá!

-Pois é! Essas estão entre a escola e a torre de vigia!

-Por aqui há assim tantos vestígios megalíticos?

-Resta saber a qual é que quer ir agora!

-Pode ser a que estiver mais perto... e maior... para lhe tirar umas fotos.

-O hómi é magâânuu...

-Atão olhe... senhor... venha aqui fora... Você desce a ladeira... e lá em baixo, junto á casa do Ti-Tanquêro volta á dirêta...

Todos saíram da tasca vencendo aquele degrau traiçoeiro, com as fitas mosquiteiras fustigando a tertúlia... Entre o casario, desceram um pequeno declive, alargando os horizontes a Oeste...

-Oh,pááá! O home sábi lá agora onde fica a casa do Ti-Tanquêro! Éis burrófázisti! Não éi á drêêêta! Éi á isquêêrdã!

-Prontos! Onde encontrar o sinal do parque náutico, volta aí á dirêta!

- Nã éi á drêta! Éi á isquêêrdããã, porrããn!


-Prontos! É á isquêrda! Desce, desce sempre, e despois sobe, sobe, sobe a ladêra até ao cimo do Vale da Vinha, e, na incruziládãã da Zambujêra vira á sua isquerdã, sempre num caminho de terra batidã.... Aí há-de ver a Aldeia do Mato mais abaixo! Passa por um picoto á sua dirêta...

-Oh! Pá! O senhor sabe lá onde fica o Vale da Vinha!

-Á isquêrda, não! Olha qui éi á drêta... porrãã!

-Pois... É isso... À isquerda... não... á...á... dirêta, anda mais um pôco, pára aí o jipi e desce a pé um carrêrito... sempre na direcção d’aqui... anda p’ráí uns cêim metros e logo vêi as pedras encavaladas umas nas ôtrããs!

-Obrigado... A ver se dou com a coisa...

-Está a vêri alêim adianti no cimo da encosta? Os eucalitros mais ali... e despois os pinheiritos aléim adianti?

O cicerone descrevia o percuso sinuoso apontando com o indicador enquanto a palma da mão esquerda lhe protegia as vistas da luminosidade solar!

-Sim... estou a conseguir...

-Ólhi... é meismo aquilo! Até se vêi daqui... aquelas pedras aléim no arto, abaixo dos pinhêros!!


-Ó senhori! Se quiser, até posso ir indicar-lhe o caminho! Onde tem o jipi?

-É aquela moto...

-O quèi? Aquilo aléim encostado ao muro das festas?

-Pois... Qual é o problema? Heim?

Questionou cá o Cidadão, amparando calmamente a chama do isqueiro a petróleo, acendendo um Marlboro suspenso dos lábios... Encenação que treinara vezes sem conta e funcionaria lindamente se assentasse as nalgas no selim da máquina laranja! Mas como estava a alguma distância... foi-se dirigindo nessa direcção com a horda tertuliana na sua peúgada...

-Senhor! Senhor! Esqueceu-se de pagar o café!

Era o taberneiro espavorido de todo, no encalço do Cidadão pois com o conversório este praça esquecera-se de pagar a conta!

-Eiiia, pois foi!!! Desculpe lá... quanto é?

-São cinquenta cêntimos, por favor!

-Tome... desculpe... não foi por mal!

-Vamos lá a entenderi, pá! Afinal vocêis ou estão a enganar o hómi... ou mestão enganado a mim... Há lá garinas agora, éi ? O hómi está mesmu com uma fézádãã de lhes dári!

-Está calado, não sabis o que dizis! O homem anda á procura das pedras encavaladas!


-Pode lá sêri uma coisa dessããs!!! Anda lá agora á procura de barrôcos! Vocêis éi qui nã perceberam. O maganú... anda á procura de gaijas bôuas! Ou vocêzes julgam que eu sou tonto?

-És desconfiado! Tá calado que o homem é sério!

-Eli pode enganari a vocêzes mas a mim é que não mingãna...Ora essãã! Hein?

-Vamos a mais uma rodada?

-Esta, pagas tú!

-Pago eu... o tanas! É a vez do Maneli se chegar ádianti!

Colocando o capacete amarelo e a Z-2 em marcha, o Cidadão partiu em demandas da mamoa...
Primeiro desceu, desceu... desceu bastante o estradão vertiginoso, deixando para trás meia dúzia de almas com olhares apreensivos e muitas dúvidas misturadas em inflamada discussão. Não fosse o caso o motor Zundapp-2 arriscar-se a dar o “peido mestre” na subida que se armou mais adiante ou ficar por um trambolhão naqueles terrenos traçados de valas por tudo quanto era sítio... cá estava o cruzamento da Zambujeira... voltar á direita... o picoto... mais adiante... catano! Ao fundo da ravina, á esquerda... era o Vale Manso!!! Devia ser ali mais ou menos... Parar, desligar o motor efervescente... e apear-se foi um truz... Ah! Ganda Coty!
Mas vestígios da mamoa... nem vê-los... a não ser que...
As flores das estevas tinham as pétalas inferiores derrubadas... apanhada uma... e duas... ainda o aroma... Ah.... Fôra há poucos dias... reparando melhor... as pétalas caídas formavam uma carreirinha, descendo encosta abaixo como que por artes mágicas, indicando o caminho... alguém por ali tinha passado há escasso tempo... pelos jeitos, o terreno espezinhado...era muita gente... olá... lenços de papel... gente que não está habituada a estas andanças... um pouco mais e vento... um pouco mais de sol... uns gravanejos... os pólenes e aí está... pruridos nasais... espirros... gente urbana... ali havia maior concentração de resíduos... papéis de chocolates... caixas de lenços... o grupo parou por ali durante muito tempo... ora bem... galhas partidas... descendendo um pouco mais...
Que linda paisagem!
Os urbanos são uns poluidores do camandro! Um saco preso no tronco do pinheiro seco... sem vestígios de poeira... coisa recente...de gente sem cuidado... a natureza que se lixe... o respeito pelo meio ambiente é prosápia... coisa chique, óptima para conversa de café...Vai-se a ver e na prática dá neste triste resultado...mas c’a gandas barrocos... vestígios de preservativos, népias... o local era de acesso difícil aos casais... do mal o menos...
Entre estevas e pinheiros... do meio do nada, um afloramento granítico... onde se viu uma coisa assim... Oito metros de diâmetro... pouco mais ou menos... e aquilo? Dois baldes verdes, enredados...talvez...para os pássaros se alimentarem evitando a destruição pelos mamíferos... coelhos... madeixas de cabelo... Magia negra? É isso! Para afastar os javalis!
Os barrocos... como é que se colocariam nestas posições... empilhados uns nos outros... é que nem de propósito...Aquele mais elevado evoca um menhir... só com intervenção humana seria possível...
Parecem formar cavidades... abrigos para os humanos... talvez... Pedrinhas miúdas em redor.... Algum ritual... Tá-se mesmo a ver... Tá-se, tá-se...Se deborcam por ali abaixo... só param na albufeira... isto parece pedra lascada... trabalhada...
Aaaahh!
eureeeKa!
!!!A mamoa!
Houvera descoberto a mamoa!

Tiradas as fotos e satisfeita a curiosidade, este rapaz colocou o capacete amarelo, galgou a Coty, deu ao pedal de arranque, engrenou a primeira velocidade e avançou para Abrantes... o Sol repousava por detrás da Serra de Aire...até lá chegar havia que aquecer o segmento da Famel... sentira um rato no estômago... e a sensação do dever cumprido naquela tarde diferente... onde houvera descoberto a mamoa...
Em Abrantes, aguardavam-no outros frutos... bem conservados, lustrosos e com bôa apresentação... caros se pesados ao quilo... Custam-nos os olhos da cara... os mamões, claro!
Como tereis topado, foi um post excessivamente vegetariano!

sábado, 24 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

PINUS ERECTUS



PINUS ERECTUS


Isto das conversas são como as cerejas... ao puxar por uma, vêm logo três ou cinco atrás... e cá vai o embrião do centésimo quinto post!
Consequência do raid a Vale de Rãs, o Cidadão foi alertado in-loco para uma situação que se arrasta há meses a fio e até ao presente lhe tinha passado despercebida, pois não há que andar constantemente a olhar o céu... coisa que originaria uma dor de pescoço do camandro e poderiamos entrar em rota de colisão com postes mais materialistas! 
Entrementes surgiram alguns funcionários municipais naquele local, brigando com as ameias do pontão do afluente valderrãngenense e, não fosse o caso dos engenheiros autárquicos deterem poderes telepáticos adivinhando de antemão as intenções que se perfilavam neste cérebro marado, vai daí... alto lá e pára o baile!
Fez-se um compasso de espera na confecção deste trabalhito que ficaria por assim dizer em “áugas de cabalhau” e sem fundamento, perdendo todo o élãn caso houvesse antecipação da rapaziada municipal, o que seria de louvar, diga-se de passagem!...
E a semana veio-se, terminando molhadinha, sem que os laboriosos funcionários mexessem no busílis da questão...
Analisaríamos este in-fecto sob trigonométrica perspectiva... posto que estão em causa diferentes angulos... ou melhor, poder-se ia colher uma perspectiva diferente de seno, co-seno, tangente e co-tangente, triângulos rectângulos, catetos e hipotenusas, resultando numa secante, ou...
Mergulhados nos meandros da física, porquanto residem nele determinados vectores e uma sucessão no inter-potente alavancar!
Esta treta poderia sustentar-se nos conformes espirituais com bases teológicas bastante sólidas, pois um sujeito candidatar-se-á a ir para os anjinhos caso lhe caia o raio do tronco em cima, ao momento em que por lá desfila...
Pois sim... queríeis, não? 
Alinhemos pela botânica!
De diferentes categorias são as gimnospérmicas... algumas da família dos Pinaceae... embora para aqui seja chamada apenas uma, e só uma unidade do
 Pinus Pinea!
Vegetal de considerável envergadura, podendo atingir consideráveis trinta metros de altura, de copa sombria com éne polegadas de diâmetro, tronco robusto... suas pernadas suportando folhagem acicular e alguma pinha, acolhendo a semente dos pinhõezitos em seu seio... caros com'ó raio, mas óptimos quando ingeridos aos serões invernios... com o cházinho de tília á mistura.
Normalíssimo seria... o vegetal encontrar-se aprumado... firme e hirto, de tronco direito... na vertical por assim dizer, conforme o melhor ângulo para a absorção dos raios solares, procedendo á necessária fotossíntese!
Isso e a libertação de dióxido de carbono que não se vê, por andar de noite e ser escuro...
 Terá sido um desses robustos Pinus Pinea... Um valente
Pinus Erectus!
No caso em apreço fará uma fotossíntese irregular e deficiente libertação de dióxido de carbono, com inclinex de sessenta graus em relação à via pública, na medida em que a arbórea faz vénias aos incautos passantes.
Não tenhamos dúvidas que as raízes deste arbustivo se agarram a um solo desnudo de vegetação e em erosão progressiva, ajudada pela forcinha das correntes do regato intermitente e um tanto ou quanto salpicado de calhaus rolados, indiciador que há buééé, mêmo buééé da milléniuns, a região seria contemplada pelo jorrar de águas diluvianas! Não quer isto dizer que se trate de um arbórea dessa época, mas tudo leva a crer que para lá caminhe!
Corcovado sobre si, de pernadas desarticuladas, esgalhadas e de raízes ao léu, coitado... nunca poderemos afirmar que as árvores morrem de pé!
Envelhece... Ameaçando prostrar-se sobre a faixa de rodagem... no sentido da Chainça para o Vale de Rãs ou vice-versa, conforme o leitor circule.
Supureis quão desagradável seria, levardes com uma pinha no toutiço, quanto mais com o Pinus Pinea inteiro!!!
A partir deste momento, caros cibernautas, caras e caros automobilistas, minhas distraídas gentes, ao passardes nesse local erguei bem os vossos olhitos...e se ouvirdes um rachar de lenha, um escatchanar ou ranger de madeira, metei-vos a pau!
Arredai-vos, ponde-vos ao fresco, recuai, dai ás de vila diogo!
Se não fôr uma pinha, se não fôr uma galha...e se não fôr o super-homem... será certamente... o Pinus Pinea residente... desabando nos resquícios da sua erecção!
Para a próxima postagem cá o Cidadão abt irá relatar-vos a triste desventura proto-histórica que passou em terras da Aldeia do Mato ao tentar antecipar-se àquela gente que parte em demandas da mamôa!!!

terça-feira, 6 de abril de 2010

GIPSYLIRIUS



 GIPSYLÍRIUS

Há cinco semanas!!!
Calma aí, Zé-Zé!
E... não empurrem xe faz favor! Como devereis compreender, quando um cidadão é hiperactivo não dá mãos a medir na concretização das áctividádes profissionais e extra-curriculares escasseando o tempo para se dedicar a estas ciberchatices!
Entre indagações, divagações e outras sugestões sobre novas postagens, a caixa de correio electrónico cá d’o Cidadão ficou apinhada com oitenta e quatro (84) correspondências, parte das quais sugerindo que sejam por aqui abordados alguns fenómenos que se vão revelando em terras de Vale de Rãs...
É pessoal que não se atreve a comentar cá na chafarica mas segue religiosamente os disparates de quando em vez debitados nesta cibertreta!
Concluireis que, quando se tocam diversos jericos ao mesmo tempo, algum ficará para trás!
Ironias do destino... ditarão os ciberleitores!
Outros houve que sentiram um certo vazio mas satisfazer-se-ão com esta porrada de gigas enchedores de medidas, fundamentalmente quando chove um pouco mais e as áuguinhas transbordam o pontão da rua de Vale de Rãs precisamente no baixio da zona da ribeira, não descurando o estrangulamento das manilhas junto á rotunda do Lagar que na entrada para a avenida D. Manuel I criam um espelho de água concorrente ao Aquapólis, revelando certas e determinadas preocupações por parte do município Tubuco e da Estradas de Portugal no sentido de que nestas circunstâncias se lavem automaticamente os fundilhos dos automóveis, humedecendo suas centralinas. È precisamente nestas zonas que saltam as tampas não só aos automobilistas como ás redes de esgotos, telefones e afins, numa formação de sublimes repuxos iluminados pelos faróis!
Exemplo de uma giga.
Aceite a sugestão dos leitores e com a digital a morder-lhe o bolso das calças, este rapazola calçou as botas fazendo-se mais uma vez ao caminho... na recolha de elementos que documentassem e fundamentassem este tão belo e extenso post!
Naqueles remotos tempos em que da altaneira Tubucci o Dinó-Xáurio Jesus reinava, Vale de Rãs era conhecido por um lugar de escassas habitações, farto de oliveiras e sobreiros, com um poço arruinado onde os vestígios de uma quinta abandonada recortavam a linha do horizonte...
Ah! Pois!
E pelo Armando da Luz!
Foram-se por li construindo habitações de dois pisos em ruelas perpendiculares á de Vale de Rãs...
Projectaram-se as ruas Diogo Oleiro, pintor Sebastião Serra da Mota e Ramiro Guedes de Campos... após estas, nasceu um labiríntico bloco habitacional em módulos pré fabricados, dando outro ânimo á convivência regional.
O nevoeiro era rei e senhor cobrindo Vale de Rãs nas invernias madrugadas, impedindo que o Sol se mostrasse antes do meio do dia.
Vai daí, uma dúzia de carolas resolveu formar o rancho folclórico que intitularam de “Lírios de Vale de Rãs”, ensaiando ritmos e passadas musicais nos pátios das ancestrais casitas rasteiras, precisamente na rua dos Lírios... que nesses tempos desconheceria o preço do barril de crude e muito menos o do alcatrão!
Foram os tempos da Amélia...
Oh! Que saudades...
Pela certa exclamará o ciber nesta altura do campeonato!
Pois bem, os anos escoaram... e por entre silvas, oliveiras e chaparros, uma família sedentária com tiques nómadas resolveu assentar praça no acidentado terreiro junto ao poço ali existente, aproveitando as áuguinhas do afluente da ribeira de Vale de Rãs... e sacando áugaputada das torneiras dos incautos zinhos...
Expansivos convívios nocturnos faziam-se estender á populaça cumpridora das suas obrigações fiscais... era o movimento, a alegria, o corrupio... e as brigas...
Carradas de decibéis do Bonga debitavam-se em enorme rádio a pilhas D-LR20 com dois leitores de cassetes e um par de colunas tipo tampões de jante14!
Muito adolescente teve aí a primeira experiência sonora com a “mulata de Angola” ou o “mariquinha” perdendo a virgindade acústica e ficando com os tímpanos fornicados por éne song's!
Em suma, explodia a vida entre semelhantes no seu apogeu!
Do outro lado do afluente só mato, muito mato, muita erva e muita silva com pardais á solta, onde a mocidade armava custilos espetando cruelmente a sua agúdia nos arames, aguardando sob um Sol escaldante pela extrema-unção do bico amarelo do melro de asa negra, fazendo descargas de carabina de pressão de ar sob as galhas das oliveiras que grassavam... 
Nesses tempos ainda não habitavam por’li Tubucos orgulhosos de pinos ás costas!
Meia dezena de cabritos baliam, pastando e saltitando ao ritmo dos gafanhotos, afiando suas tenras hastes no que era tronco macio e bronzeado, adivinhando o triste fim quando seus donos resolviam assá-los nos fornos a lenha.
Os meses esgueiraram-se velozes por entre os dedos até chegado dia em que os senhores polícias, os senhores das câmaras, os senhores doutores da assistência social e a retroescavadora amarela puseram fim àquela saga!
Eram os maus da fita que numa boa acção sem precedentes atribuíam quitchenettes àquela gente meio nómada, meio sedentária e sem eira nem beira, precisamente no tal labiríntico bairro, arrumando de vez com o pagode, os toldos de pano-crú e o rádio a pilhas D-LR20, munido de um par de colunas com tampões jante14!
Por alturas do querido mês de Julho, fios eléctricos com filas de multicoloridas e luminosas peras tipos gambiarra, eram esticados entre as oliveiras e os sobreiros que por ali restavam.
 Improvisava-se o palco da música, abriam-se barracas de farturas, armavam-se quermesses e montavam-se tiradoras de cerveja Sagres e marisco do Eusébio facturando com frango assado entremeado a sopa de pedra e gerando tímidos decibéis quando o Catarino ou as cassetes piratas subiam ao palco!
Tentadoras e voluptuosas miúdas acendiam archotes de fogachos incontroláveis nos corações dos rapazolas espigadotes que ocultavam suas bexigas de acne sob barbas ralas, calçando alvas sapatilhas nikles ou sapatinho de verniz zénô, trajando a justa ti-xarte com as devotas imagens do Rambo ou da Senhora de Fátima estampadas no peito, hoje homens de barba rija... e elas, mulheres feitas com cachopos na idade da escola, labutando no dia a dia com aquela genica que as caracteriza, de cigarro traçado entre dedos e sorvendo quantos cafés na Karla ou no Janelas Verdes... 
Ás tantas da noite entrava o Eduardo com o Rio Musical alinhando no catrapiado, no vira, na polka, no tango e na tanga...  fazendo agitar os esqueletos áquelas gentes... Volta e meia lá vinha um malhãozito e por vezes a lambada quando a coisa não lhes corria de feição, o pimba pimba, se a música se ajeitasse pr'ó slow, soltando a franga até ás tantas da night ao som do rocanderrol de um Rui Veloso aprisionado na fita magnética do seu baile da paróquia...
Uns corridinhos por aqui e por ali, as paragens para as rifas das quermesses e os leilões dos lotos, e finalmente o fandango pelas madrugadas de fim-de-semana dentro, com bónus ao romper da aurora da segunda-feira sucedânea.
Pum! Pum! Pum!
O foguetório estreluzia nas matinas domingueiras e os bombos, os cabeçudos e os gaiteiros em tons de escarlate apareciam não se sabe bem de onde, por vezes com banda a passar, percorrendo as ruelas num peditório de festeiros olhando o céu em direcção ás altaneiras sacadas!
Naquelas cálidas e lânguidas tardes... de tez rubra e corpos firmes... humedecidos por laivos de suor... enquanto elas de saia justa, curtinha e arregaçada, lábios carnudos... rosáceos... envoltas em longos cabelos soltos e desalinhados... olhando o firmamento e mordiscando o prateado cordão do crucifixo pendurado ao pescoço... dando saltinhos ritmados nos biquinhos dos seus pés...deixavam escapar gritinhos de inconfessáveis prazeres... eles, em descontroladas emoções, abraçando o pau hirto e encebado, tentando alcançar-lhe o sino e o êxtase, terminavam numa explosão de sentimentos espartilhados...  vindos em alegrias e cores imaginárias... quebrando a bilha bem no centro do recinto das festas perante os admirados olhares das gentes idosas que no íntimo recordavam com saudade os tempos idos...
Seguia-se a hora da missa e dos churrascos, a hora de afinar os instrumentos e as papilas gustativas pela janta, com bué, mêmo buééé da barulho!
Uma coisa por demais!
Hãn?
Chatos, pá!
O kuduro veio mais tarde!
Os tempos mudaram... A cassete e o cartucho deram lugar ao suporte digital!
 Foi o fim dos anos noventa, tendo o escudo por moeda de troca!
Depois Vale de Rãs entrou para a Europa Comunitária e vai daí, as aparelhagens sonoras ganharam outra sofisticação, introduzindo-se-lhes o euro e o subuffas que vieram dar um novo alento ás festividades locais!
Entretanto a comissão das festas resolveu iniciar-se na construção civil erguendo instalações por cima do poço, que se tornariam no primeiro protótipo do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, um tal que MIAA!
Só bem depois disto é que chegaram os Egípcios com outro conceito de museu!
Julgavam eles que junto de Imhotep teriam descoberto a pólvora, mas não!
A pólvora foi inventada pelos chinocas alquimistas, por alturas da dinastia Han...
Porque o MIAA já por cá cantava!
Alçado principal
Alçado lateral direito
Vista parcial sobre as cozinhas
Alçado posterior
Pormenor sobre o prazo de conclusão da obra
Hãn?
Quem diria?
Dããããssse que os tipos da pólvora andavam em busca do elixir da longa vida e deram com a essência da morte!!!
Hoje, longa vida só a do Iogurte ou das pílulas de alho Rogoff!
Foram os maravilhosos dias da governação de El-Commandante, o tal das duas margens, a de cá e a de lá!
Nos tempos mais recentes até se brigava pela funcionalidade daquele MIAA, se um espaço para a missa, terço ou catequese, para lar de idosos, centro de dia ou cena da noite, e até houve quem sonhasse fazer daquele amontoado de blocos de cimento, tijolo e portadas de madeira de cofragem com traves armadas em betão, um laboratório para festas de aniversário, casamento, carnaval, passagem de ano e afins.
Chegara o tempo da arte nova.
Uma arte que implicava sons bué de sofisticados, algo entre o tecno e o popularucho, coisa para dedicados ensaios aos fins-de-semana e ás quartas e sextas!
Naquela altura concluiu-se que tal pessoal não gostava de tropas!
E vai daí, El-Commandante foi acossado com bué da protestos verbais e umas tantas dezenas de assinaturas e diversas reclamações da vizinhança que padecia de esgotamento nervoso por falta de dormir.
Era uma gentinha com o horrível defeito de se levantar pela madrugada, indo colher níqueis afim de dar cumprimento ao pagamento dos seus Impostos Municipais sobre Imóveis, ou seja, as rendas anuais sobre aquilo que é deles e a vencerem no final de Abril, sucedendo precisamente isso no momento em que o ciberleitor está lendo estes escritos, requisitando a necessária pachorra...
...Cobres que serão suficientes para satisfazer as obras de beneficência e funcionalidade do mercado municipal diário...
...bem como para tapar a buraqueza existente nas rodovias Tubucas...
...a exemplo do que ganhou maior visibilidade nas curvas do Paiol...
...ou este que serve de floreira na Av. D. João I, precisamente a meio da via de trânsito ascendente
Apesar dos protestos a coisa foi crescendo e tomando dimensões nacionais, quiçá internacionais, pois até os Annas Platyrhynchos (leia-se promotores imobiliários) deixavam por'li suas penugens, não passando fim de Junho ou princípio de Julho sem que os valderrãngenenses não gramassem com gordas fumarolas, umas ressonâncias nas cristaleiras, mijadelas nas paredes de suas casas e madrugadores vomitados encharcados em tintol, porque os fígados e as vesículas dos transados transeuntes não aguentavam tanta desbunda, podendo-se sherlokolmar  rastos de sangue pelas ruelas adiante!
Aquele sítio tinha um terreiro irregular que não permitia grandes acrobacias... com El-Commandante, o tal das duas margens, revelando enorme dificuldade em ceder aos protestos dos moradores pois as medidas que pudesse vir a tomar sempre lhe resultariam impopulares em termos eleitoralistas!
Com um pé em cada margem e no intuito de agradar a gregos e a troianos, num ou noutro ano intercalado pelas as eleições, estratégicamente El Commandante ia abrindo mão ou criando entraves no bulício sazonal da grande urbe de Vale de Rãs!
Oh! Caraças!
Esse Vale de Rãs não é o de Loulé, lá nos Algarves!
Este Vale de Rãs está localizado precisamente na Freguesia de São Vicente, aqui em Tubucci, e não tardará muito a transefir-se para a expansionista freguesia de Alferrarede quando as fronteiras forem reformuladas!
E... a Senhora do Tojo que se cuide...
É já a seguir!
Pois bem, esta treta alonga-se e o Cidadão ainda não foi direito ao assunto que o trás por cá, mas vai dando um certo gozo escrever a retrospectivante resenha de Vale de Rãs que bem poderia ser a capital do distrito! Ora, se isto não fosse verdade, o título do post seria concerteza...
“Delirius”
  Em vez de “distrito de Santarém”, quão bem soaria, “distrito de Vale de Rãs”!
Aliás, nunca por nunca, “Vale de Rãs” foi tão cibernético como no presente momento com a publicação deste singelo post!
O que quereis de melhor, ó valderrãngenenses?
Há que agradecer cá ao Cidadão, xe faz favor!
Satisfeito o ego, prossigamos...
Saberiam Vosselências que Vale de Rãs teve um magnífico hino? Se algum de vocês dele for conhecedor faça o favor de o debitar cá na caixinha dos pirolitos!
Adiante...
Devido a pressões diversas, El-Commandante, o tal das margens de cá e de lá cedeu, e... festeiros para a frente, festeiros para trás, fez-se silêncio nos últimos anos sem porém que do derradeiro recinto resultasse uma terraplanagem com a subsequente colocação de dois bancos ripados junto a um dos três pontões pedonais que vencem a vala ora emparedada em esquinas vivas de ângulos obtusos, ora suportada por vegetação rasteira, onde, transbordando ao chover um cachichinho mais, as áugas pluviais por lá sibilam.... sem antes tomarem embalagem encosta abaixo partindo do grande morro Tubuco juntinho ás traseiras do velho quartel dos bombeiros municipais, escorrendo por detrás do posto da jêéneérre e amandando-se para dentro dum canudo nas traseiras do Lidl, introduzindo-se por debaixo dos edifícios da novacidade, alimentando as seivas das galhas da rotunda do Olival Basto, humedecendo os alicerces da Caixa dos Depósitos Gerais, candidatando-se a efectuar a lavagem dos nossos dinheiros!!!
Das entranhas dos prédios, as áuguinhas ressurgem por detrás do bairro São José assobiando vala abaixo com uma velocidade parva que faria disparar qualquer semáforo moderador de tráfego, separando o Vale de Rãs da urbanização do Olival Basto!
Aqui sim, está construído um zig-zag que lança as áugas num ronco de camião desarvorado, extravasando de ondulação em repuxo para o exterior do curso previsto e molhando os calcantes aos habitantes da Ramiro Guedes!
Na última sessão pluvial os autotanques dos bombeiros tiveram que intervir, retirando quilolitros de áuga daquelas garagens!
Um espectáculo!
Gente pacífica!
Mais adiante as áugas embrulham-se numa arcada por debaixo da rua dos Lírios em direcção á famosa ribeira!
A porra toda é quando galhas, plásticos e lixos que se engradam no percurso!
Como não há bela sem senão, as margens intervencionadas do afluente feito canal são desprovidas de barreiras arquitectónicas que impeçam os putos valderrãngenenses darem uns mergulhos nessas áugas, por vezes lodosas, outras defecadas, pois se bem reparardes, encontrareis por lá manilhas e pêvêcês manhosos como aquele que despeja espumas a partir da urbanização do Olival Basto!
Sim, porque do outro lado do rêgo as oliveiras e as cabrinhas deram lugar a uma urbanização de casas rasteiras para não se sombrearem entre semelhantes, á excepção do mamarrachão que se diz milenar, contrastando com a paisagem urbana envolvente!
É que assim um tipo nunca poderá mandar uma queca á vontade por perto pois aquilo é janela por todo o lado e nunca se sabe se alguém lá do alto nos morderará o esquema!!!
Entretanto esse espaço do Vale de Rãs deu lugar a demonstrações de perícia automóvel pela noite adiante, com alguns mademaxes azeiteiros encavalitados em máquinas infernais, acelerando nas ruelas estreitas onde os moradores estacionam seus pés de borracha bem roçadinhos ao passeio, facilitando a circulação dos tais que uma vez por outra contribuem com uns pedaços de tinta e outras amolgadelas nos guarda-lamas dos desditos... essa áctividáde nocturna vem repondo a moda antiga, porquanto basta que o céu limpe, a Lua espreite e a noite seja cálida para que naqueles dois bancos verdes de jardim, jovens trovadores instalem seus traseiros despejando notas musicais acompanhadas de uma ou outra viola, em que o malhão, a lambada, o pimba e o rocanderrol do Rui Veloso com o baile da paróquia deram lugar ao Flamenco e a umas quantas bjecas e tintol carrascão, assando as frangas em improvisada fogueira!

Clap, Clap, Olé, Olé.
 Lá, lá, lá lááá!
Lá, lá, lá lááá!
Lá, lá, lá lááá!
Clap, Clap, Clap,
Olé, Olé,
Clap, Clap,
Olé, Olé, Oléééé
Aiiinhh,
Aaaaiiinhhh
Lá, lá, lá lááá!
Lá, lá, lá lááá!
Clap, Clap, Clap,
Olé, Olé, Olé,
Clap,
Olééé
Clap, Clap
Clap, Clap, Clap,
Olé, Olé,
Clap, Clap,
Olé, Olé, Oléééé
Aiiinhh,
Aaaaiiinhhh
Lá, lá, lá lááá!
Lá, lá, lá lááá!
Clap, Clap, Clap,
Olé, Olé, Olé,
Clap,
Olééé
Clap, Clap

São letras de ritmos avassaladores que soam noite dentro por terras de Vale de Rãs!
Analisados os resíduos que o pessoal da junta e da câmara frequentemente não remove, apesar dos vidrões, dos plasticões, dos papelões e dos pilhões a cem metros, estes festeiros contribuem para que daqui a um ano se realize outro evento sob o lema do “Vamos limpar Portugal”.
Talvez nesse dia a nossa dedicada Matri-Harka se desloque propositadamente ao sítio da foto dando uma charmosa mãozinha a medir!
Fica sempre bem!
Prosseguindo a análise, poderemos dissertar que estes músicos da calada da noite se aquecem com Conde Noble”, um tintol carrascão de origens hispânicas.
Portantos, entre palmas, sapateados e o bater de castanholas, a Andaluzia está aqui bem presente na proporção de 4:1, pois em cada quatro litros da essência de Baco, é butida uma litrosa de cevada fermentada, de acordo com as taras perdidas por ali!
A ancestral origem do vinho vem da Geórgia levando a crer que pelas veias destas gentes festivaleiras corra sangue predominante Rhom, embora outros gadjos paisanos sintam as costas quentes... e á sombra destes, lhes sigam las pisadas!
Serão os...
Gipsylírius!
Já a cerveja foi inventada na Mesopotâmia, no Egipto e na Suméria levando a reforçar o conceito de o “Museu Ibérico” ter origem em Vale de Rãs na tal proporção das quatro probalidades para uma!
Assim sendo, há que reivindicar a autoria de um Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Vale de Rãs, “MIAVR”, e não alinhar naquela coisa fatela sonhada para o alto do morro!
Há que cobrar direitos de autor!
“Conde Noble”?
Mas ali ingere-se “Conde Noble”, um vinho barato?
Está mal!
Esse serve para temperar guisado de láparo ou assim!!!
Porque não um Casal da Coelheira ou um Terraços do Tejo?
Ou então... um Pouchão ou um iésseuaicâim dos Cadouços? Indo mais distante nos paladares, porque não um Corga da Chã, essa sublime pomada?
Em falta de carcanhol, porque não investir os últimos cêntimos num taberneiro Vinicoentro da Pucariça ou num Canal 12 do Albano Barreira?
Tintóis mais baratuchos mas que valham a pena!
Ah! Já não existem?
Até parece mal recorrer a uma essência hispânica!
Um “Conde Noble”?
Arrrgghh!!!
De escuteiros não se tratarão certamente, na medida em que dispensam qualquer autorização para a realização dos eventos, consumo de água, consolidação da fogueira e concretização os concertos o solo que alegram as noites á vizinhança... bem até ao romper do dia seguinte!
Por ali se preservam tradições nas barbas de Tubucos com orgulho e vice-presidentes com bons tachos para o refugo, ora responsáveis pelo ambiente de Abrantes!
Com o emalar da trouxa de El-Commandante, o tal das duas margens, la Matri-Harka montou a cela bem como as rédeas dos poderes locais, embora herdasse um cavalito com o freio nos dentes, não fosse este um puro-sangue...um Ferrari nestas circunstâncias coloca o seu cavaleiro em desespero de causa...
De reunião em reunião com polícias e vereadores ao molho e fé em Deus, á nossa estimada Matri-Harka foi explanada a situação constrangedora daqueles que neste mês supõem concentrar pachorra suficiente para arcarem com umas quantas horas de pestana aberta,  angariando trocos afim de liquidarem o arrendamento dos seus bens imóveis, colocando a hipótese de se retirarem os tais bancos para que o local se tornasse menos confortável no sentido de proporcionar o merecido sossego dos moradores, ao que a nossa estimada Matri-Harka ripostou com uma nega e que, para aquele sítio de Vale de Rãs seguir-se-á um jardim, reparem bem!
Cá está!
A ribeira encanada debaixo de estradas, rotundas e edificações...
Bancos, são quatro... O Totta e a Caixa dos Depósitos Gerais com o regato a passar-lhes sob os calcantes, e os outros dois para concertos nocturnos a solo, faltando a grama, mas essa nem é difícil de achar.
No lugar de suaves inflexões são construídos canais em zig-zag... com estrangulamentos á fluidez das águas pluviais!
Será sem margem... (outra vez!) de dúvida um conceito urbanístico que se complementará com o tal Jardim!
Quais Cidades Floridas quais quê?
Esse Flórida que se deixe estar nos States e não chateie o Vale de Rãs!
Quanto ás flores, talvez lírios ou semelhantes por lá se façam viçosos. As pétalas de rosa vão murchando, restando pouco mais do que espinhos... salvam-se as distribuídas porta a porta no centro histórico... é a festa da primavera!
Fica bem o revivalismo das arruadas de Setembro... mas não há quem dance...
"Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio,
Nas mãos o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que nunca tinha encontrado
Ouve, vamos ver o mar de Tubucci
Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões..."

“-Não! Comoves-me! Não continues! Isso é forte demais!”

Foi a única intervenção cá da Companheira neste post longo pr’a caraças!
De crisântemos, nem vê-los...
Uma idéia a aproveitar será integrar os concertos ao vivo com franga assada nos roteiros turísticos da região divulgando o evento no boletim da Agenda Cultural e Desportiva que a Câmara Tubuca emite mensalmente!
Outra sugestão seria a de a nossa estimada Matri-Harka convidar os Gipsylírius a actuarem nas noites de verão da praça do Batalhão ou junto aos Paços do Concelho, na praça das três aguadeiras!
Seria uma idéia fixolas que permitiria àquela gente de Vale de Rãs fazer como o Vitinho!
E nas festas da Cidade?
Quiçá no futuro ainda venhamos assistir a um concerto dos Gipsylírius nos Mourões!
Os Hyubris que se cuidem!
Seria a derradeira oportunidade para os Gipsylírius divulgarem o seu reportório musical!
o Cidadão não queria terminar este singelo post sem vos apresentar o tão popular Piloto num dos seus números.
...o dog valderrãngenense mais simpático...
...mais sociável...
...e mais comunicativo da região!
Palminhas! Palminhas!