O IMBRÓGLIO
Poder-se-ia intitular
este post de “o relativismo absoluto” mas como o assunto é um imbróglio,
ficou mesmo a ser “O imbróglio” do relativismo absoluto.
Dois meses volvidos
sobre a abertura da ponte rodoviária que une as margens entre o Rossio ao Sul do Tejo e Abrantes, e após
um primeiro post dissertivo no que concerne a circulação pedonal onde cá o Cidadão abt
se fez substituir às verificações municipais indo ao tabuleiro certificar-se das
medidas e dos espaços inter obstáculos, assim como alguns outros concidadãos mais
atentos se debruçaram sobre o assunto e a bom tempo comodamente aproveitando
as fotos e os bonecos deste blogue, vai daí, depois de serem um bocado
pressionados pelas forças vivas do concelho porque isto por aqui só anda a toque de
forças vivas, os administrativos eleitos resolveram questionar a “dona” da obra
sobre a praticabilidade desta ponte em termos de mobilidades humanas, mobilidades reduzidas
e seus afins.
Como resposta, que
também foi publicada no semanário regional “O
Mirante”, a Infraestruturas de Portugal desconfirmou as suposições dos
utentes chatos, alegando que as dimensões são as contempladas na regulamentação da
matéria, pelo que aqui se transcreve parte desse texto:
"possui espaço livre
bastante de modo a permitir a passagem de cadeiras de rodas, cumprindo com o
estipulado na legislação"
“a largura mínima absoluta dos acessos para utilização por
pessoas com mobilidade condicionada são 80 centímetros, precisamente a largura que existe no passeio
do lado poente”
"Os passeios da
ponte têm 0,60 metros livres do lado poente e 0,80 no lado nascente".
E
DECLAROU MAIS:
"a
implementação de passeios com larguras superiores implicaria alterações
substanciais na estrutura da ponte metálica e de elevada complexidade técnica,
requerendo por isso uma intervenção mais profunda, temporalmente mais
demorada".
E AINDA
MAIS!
"elevados
encargos financeiros e para a mobilidade na região na execução da obra"
Esta última é pura
demagogia barata e prosápia para patego ler!
Quando foram
alargadas as laterais do tabuleiro, seria questão de lhe conceder mais uns trinta
centímetros e a largura útil da faixa de rodagem também poderia ter menos alguns centímetros.
Quanto aos postes de
iluminação, foi omissa a possibilidade da sua relocalização que não implicaria
despesas suplementares na obra mas tão sómente cravar as cavilhas no enfiamento
do gradeamento de protecção, a não ser que os engenheiros da obra cobrassem
balúrdios para alterar esse pormenor no projecto inicial, mesmo estando fora
dos normativos.
Para que não restassem
dúvidas, cá o Cidadão
abt pegou num seu concidadão
de mobilidade reduzida e na respectiva cadeira de rodas, pegou numa fita métrica e meteu-se ao caminho, tendo em conta que a cadeira de rodas é um modelo low cost, simples e baratinho,
desprovido de motor, auto-rádio, máquina de café, ar condicionado, jantes
especiais de liga leve ou outros extras, enfim, uma cadeira das pequenininhas,
estreitinhas e maneirinhas...
Atenção
que os adereços não fazem parte da obra de arte!
Como resultado da
prospecção feita por este contribuinte, no lado nascente foram medidos setenta centímetros de vão entre as
sapatas dos pilares do rail e a aresta em alvenaria confinante à grade de
protecção.
Tal como a foto documenta,
ao fazendo por aí passar a tal cadeira elementar com o utente de mobilidade reduzida,
os pneus das rodas traseiras, os castores (rodinhas
directrizes) e os patins (apoios dos pés)
embatem nos vincos metálicos, afectando directamente a sua estabilidade enquanto
os aros de impulso manual encaixados nas laterais das rodas passam por cima dos
obstáculos arquitectónicos ao ponto do utilizador se arriscar em danificar as
norças dos dedos nos pilares metálicos do rail ou no gradeamento da obra d’arte...
Não sabe cá o Cidadão como foi que este adereço aqui veio parar...
Portanto, meus caros,
os tais oitenta centímetros livres referidos
a nascente são uma falácia porquanto correspondem à distância entre o
gradeamento de protecção e o pilar do rail propriamente dito!!
Em espaço tão
restrito e numa extensão de trezentos e sessenta metros de rails contínuos,
fica cá o Cidadão
abt sem entender como se efectuará o cruzamento entre um pedestrante
e um rodinhas...
Será que o
pedestrante salta por cima do rodinhas ou o rodinhas passará por baixo do
pedestrante?
Resta a hipótese do pedestrante transpor o rail de protecção, desviando-se pela
faixa de rodagem...
Suponhamos que dois
rodinhas se encontram a meio do trajecto...
Como não há espaço de
manobra para que se virem as cadeiras em sentido inverso, um deles irá recuando
até alcançar a entrada da ponte?
Outra hipótese é a de
haver o cruzamento entre um rodinhas e um carrinho de bebé, ou por exemplo, o
confronto entre um cadeirante e um idoso...
Há uma solução...
Os semáforos!
Relembra
cá o Cidadão que os adereços não pertencem à obra de arte!
Vamos agora para o
beirado de poente.
Disse a Estruturas de Portugal que aí existem sessenta centímetros de vão livre... o que
é falso!
O Cidadão volta a avisar que os modelos não fazem parte da estrutura da ponte!
Se esticarmos a fita
métrica junto ao solo, entre a base dos postes de iluminação e a saliência
correspondente ao rebordo de alvenaria junto à sapata do gradeamento... são exactamente cinquenta e cinco centímetros.
O Cidadão adverte que os modelos não pertencem à obra de arte!
Há uma explicação
para estas discrepâncias de medidas.
Pode acontecer que as
fitas métricas da Infraestruturas de
Portugal tenham sido adquiridas na loja do chinês ou, vencido o seu de
validade, mirrem sob a acção dos raios solares UV.
Uma solução passará pelo
recurso a binóculos onde os utentes antes de atravessarem a ponte se
certificarão sobre a situação pedonal na outra extremidade.
Aqui, a Infraestruturas de Portugal ou o município de Abrantes poderão explorar
um nicho de mercado no que concerne à instalação de binóculos fixos nas
entradas do tabuleiro, que mediante a introdução de uns cêntimos na respectiva ranhura permitirá aos utentes visualizar a
situação pedonal na outra margem... para assim darem ou não, início à travessia.
Como verão os expert’s,
ideias não nos faltam!
Falta é a vontade de
as concretizar!